
Hayley Williams, doze letras, um nome e um significado absurdo. A vocalista do Paramore viveu de fato uma metamorfose musical. De quase ser a “nova Madonna” em 2003, a – talvez – maior representante de música emo (embora ela não considere Paramore uma banda emo) e agora se consolidando em um cenário e estilo diferente e inimaginável, o estilo indie/folk.
Antes, voltamos a 2003, quando a Atlantic Records quis fechar com Hayley, mas em carreira solo. A ideia de uma carreira solo e de ser a “nova Madonna” não empolgou muito e no ano seguinte, assinaria com a Fueled by Ramen e daria início a Paramore.
Como falamos no primeiro parágrafo, Hayley nunca se considerou parte do emo (emocore) e sim do pop punk. Mas como o movimento emo se tratava de músicas (e óbvio, do jeito de se vestir) extremamente sentimentais e que “combinavam” com a o período vivido na adolescência (como frustrações no amor, crises existenciais e etc…), canções como The Only Exception e All I Wanted do álbum Brand New Eyes de 2009, Here We Go Again e My Heart do álbum All We Know is Falling de 2005 representaram e ainda representa muito do que muita gente sente ou até já sentiu.
Você pode ouvir o Brand New Eyes clicando aqui e o All We Know is Falling clicando aqui.

Hayley Willians Foto Crédito: Brian Rasic/Getty Images)
Nesta “nova fase” indie, onde a pegada da música é diferente do punk escrito na década passada, as letras tanto do primeiro disco solo “Petals For Armor” e deste último, “Flower for Vases/Descansos”, lançado em fevereiro deste ano atingem a mesma parcela de pessoas, as que estão desiludidas com algo ou com alguém. Como a própria Hayley canta na música “First Thing To Go”: “Eu termino minhas próprias frases do jeito /Que você fazia /Por que memórias brilham de um jeito que momentos reais não? /Eu… meu altar está cheio /De toda ilusão do amor”
É óbvio que, por motivos diferentes, as músicas antigas e atuais se encaixam. Estes últimos discos têm tido o papel de falar sobre a fase negativa que ela viveu e até os pensamentos suicidas. Em entrevista ao radialista Zane Lowe da BBC, no ano passado, antes do lançamento do “Petals For Armor” ela disse: “A vida é difícil. Não ficou fácil da noite para o dia, nem nada assim; faz anos, e ainda não é fácil, mas é ótimo que agora percebo todos esses sentimentos e sentindo-os, existe um lindo arco-íris, agora, e não mais só o fundo do poço.”
Se você traçar um paralelo, vai perceber que músicas que falam sobre depressão/suicídio não são novidade. Um exemplo é a música “When It Rains” do álbum Riot de 2007 foi composta após Hayley e Josh Farro (ex guitarrista da banda) perderem um amigo para o suícidio. Outro é a música “Last Hope” do álbum Paramore de 2013 foi dedicada ao ator Robin Williams após ter cometido suicídio. Além destas, músicas como “Ain’t Fun” e “Daydreaming” tem a mesma pegada ao dizer que a vida não é fácil e que as coisas irão melhorar em algum momento.

Hayley Williams do Paramore. Foto Crédito: Wikimedia Commons
Você pode ouvir o álbum Paramore clicando aqui.
Já dizia Jean-Jacques Rousseau, a história segue uma linha cíclica e não linear. Ou seja, tudo irá ir e voltar, com as devidas alterações, mas a essência será a mesma. E Hayley é a prova de que não importa o estilo, se será punk ou folk, não perderá a essência de compor canções que atingem de fato problemas e questões reais como somente ela é capaz.